domingo, 6 de janeiro de 2013

Fotos



Que coisa são as fotos! Nelas permanece a lembrança de um momento, mas uma lembrança estática, sem cheiro, sem gosto, sem tato. Permanece um sorriso, que talvez já tenha se apagado, permanece uma beleza que o tempo amassa. 
Preso fica aquele instante, inanimado naquela imagem revelada, exceto se depois de tudo as palavras continuarem a serem ditas, a importância continuar a ser dada, se os personagens da foto não se deixarem esquecer no tempo, aprisionados pelas grades do flash, naquela data, naquela hora.
Mais do que uma imagem, do que um registro, precisamos de palavras, de continuidade, precisamos ouvir de novo, ver de novo, abraçar mais uma vez, sentir o cheiro, mesmo que não seja mais o mesmo. 
Hoje a saudade idealizada é amenizada com fotos, imagens postas, com outros momentos, ou outros elementos que substituam aqueles de que as pessoas sentem falta, mas a saudade fática, aquela que vem de algo mais profundo, que sai da alma, não se contenta com o que vê estampado em um pedaço de papel, não deseja substituir uma lembrança por outra, pra tentar se esquecer daquilo que dói por não ter. Esta somente é acalmada quando se tem por perto, mesmo que não fisicamente, aquilo/aquele de que se sente falta, quando se tem por perto do ouvido, das palavras escritas, dentro do coração; quando se sabe que não existe adeus, porque a distância não existe; quando se sabe que não existem grades, porque apesar dos flashes, a alma está livre... o momento está livre de ser só passado, de ser só pra ontem e pra nunca mais. 
Não deixe sua alma presa nos flashes. Acalme a falta, mate a distância. Guarde no coração, não como se "tivesse sido", mas como "sendo"; sendo pra sempre.

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