O retorno da poesia

Te perdi minha poesia num pedaço de papel, lá você estava escrita há alguns anos e sua partida arrancou-me uns pedaços de emoção, levou uma certa inspiração que estava estampada nas letras, que um dia escrevi, aqui, só pra mim e pra você.

Pensei que jamais voltaria a estar diante de um rascunho para fazer-te nova ou borrocar o mundo com minhas mãos sujas de grafite. Pensei que desaprenderia a falar de amor, de sonhos, a falar de mim e de outros, a sentir palavras sendo injetadas na minha veia como soro, que muitas vezes "tomei" quando era criança.

Senti meu coração decepcionado com a perda, mas como tudo tem jeito, resolvi voltar ao meu velho caderno e tentar recriar suas nuances: acho que vai dar certo minha cara. Espero que sim.

Gosto de desabafar com você, pois nunca rebate, ou rejeita o que eu digo; você não sabe escrever a si própria, por isso não me desmente, precisa de mim como uma garotinha de três anos precisa da mãe para escrever uma carta para o Papai Noel.

Como minha inspiração se apagou por um tempo, precisei de guardar minhas lágrimas em uma "garrafa pet", para que quando eu pudesse escrever, derramasse tudo o que senti sem você em textos inesperados, gaseificados e refrescantes como coca-cola num dia quente de verão.

Acho que sua ausência me fortaleceu. Percebi que o que estava vivendo era apenas mais uma etapa da vida de um amante das letras: aprender a viver sem elas; sua paixão desesperada, seu excesso, sua alma gêmea

Obrigado(a) por ter te perdido, minha amada poesia. Obrigado (a) por ter te encontrado de volta e por ter abraçado uma nova etapa do seu fazer. Hoje entendo essa mudança, e sei que chorar valeu a pena, por mim, por você, para crescermos juntas.