A lápis

O que tem feito da sua vida? Seus atos tem demonstrado a concretização de quem você sonhava ser quando crescesse? Os tempos mudam, eu sei... as pessoas amadurecem, mudam certos rumos, cortam os cabelos, fazem mechas azuis, retiram o aparelho ortodôntico fixo e passam a usar o móvel, mudam de amigos, as meninas deixam de brincar de boneca, os meninos passam a trocar os carrinhos pelos encontros sem compromisso. Assim também as ideias mudam, os sonhos de criança tornam-se caretices; eu sei.
Mas eu insisto ainda: o que tem feito da sua vida? Qual é o seu novo nome? "Do mundo", "Pecado", "Vergonha"? Por onde tem andado nas noites em que antes você dormia, no seu quarto cheio de bichinhos de pelúcia, cheio de sonhos, cheio de inocência? Por onde tem pisado os pés que mal sabiam andar de salto alto, e agora desfilam pelas ruas escuras sem se preocupar com o fato de não haver ninguém para levantá-los da queda? Pra onde foi a inocência que estava estampada em seus olhos e marcada em seu sorriso? Você a matou... a jogou no lixo, ou a escondeu no fundo do que ainda se chama de 'você'?
Você tem o direito de refazer seus sonhos, tem o direito de mudar de amigos, de não brincar mais de carrinho ou de boneca, tem até o direito de não querer ser como era antes, mas você não tem o direito de destruir o que Deus pôs em você, não tem o direito de corromper a preciosidade que Deus fez com suas próprias mãos, em quem pôs seu mais puro amor, por quem entregou seu mais precioso bem: Jesus.
Você não tem o direito de negar a si mesmo, de odiar sua forma, de renegar o seu jeito: você é único, ninguém é tão especial assim, ninguém pode tirar de você a luz que há aí dentro, nem mesmo você.
Com o que tem escrito sua história? Com agulhas perfurando suas veias e marcando em seu sangue a sensação mais pérfida que suja sua alma? Tem escrito sua história com armas que perfuram sua dignidade, que matam sua moral? Tem dito palavras que ferem, que machucam os outros e respingam ódio em suas vestes? Assim você tem negado a si mesmo e consequentemente tem negado Aquele que te criou. Mas, mesmo assim, Deus não deixou de te amar, nem te renegou por causa da sua ingratidão e desobediência.
Ele tem te perdoado a cada manhã... tem cuidado de você com todo o zelo de um Pai de verdade, de um autor que fez sua obra da maneira mais pura, mais genuína e humilde, escrevendo a história à mão, a lápis e com uma borracha do lado, podendo apagar todos os erros que você, filho, venha a cometer... perdoando você, apagando o seu pecado e olhando para você como um novo homem.

Deus não escreveu sua história à caneta, porque sempre soube que você poderia falhar, errar, pecar e que Ele teria que usar um corretivo, que taparia o seu erro: Deus não quer tapar seus pecados e te fazer descortiná-los quando você pisar em falso de novo; Ele quer apagá-los e te fazer novo... Deus não faz remendos, não reaproveita restos; Ele faz novas criaturas, com todo o carinho... Ele te leva de volta à inocência, e te mostra que Você é filho do mesmo Pai de quando você era pequeno, que sempre será amado do mesmo jeito e que sua história não será como a dos outros, mas será a sua história, escrita a lápis, com a borracha do lado, quando for preciso.