segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ágape

Como é bom ter a certeza de que há algo dentro de mim que transcende para o mundo, que faz do que sinto de bom pelas pessoas ser recíproco delas para comigo.
Como é bom ser lembrada pelo que eu sou e não apenas pelo que fiz ou pelo que deixei de fazer. Como é bom saber que ainda existe amor, que ainda existe afeto nesse mundo quase insano de tantos pontapés e socos que já levou, de tantas ofensas, de tantos enganos por que já passou.
Ainda existem seres humanos nesse "hospício de zumbis"... ainda existem cavalheiros, ainda existe carinho sem segundas intenções: ainda existe esperança para dias melhores, ainda existem amigos verdadeiros, que vêm diretamente do coração de Deus.
Hoje entendi que o amor, para uns, é simplesmente "parabéns e um presente", para outros, que não são apenas "os outros", o amor é uma virtude; o mais perfeito e puro dos dons, que é cabível a todos, possível de ser sentido e praticado pela criança, pelo adolescente, pelo adulto, pelo idoso.
O amor não é limitado a uma classe social, não é comprado por dinheiro algum, não é privilégio de poucos. O amor pode ser encontrado em qualquer lugar incomum e até mesmo nos lugares comuns, desde que esses lugares tenham seres humanos com um coração batendo no peito, seja ele saudável, seja ele cravejado de pontes de safena.
Onde há coração há amor sendo bombeado; mas apenas onde há coração de carne, porque coração de pedra não bate, não bombeia sangue, não bombeia amor.
O que Deus ensinou posto em prática é a coisa mais linda do mundo, aquilo que nos motiva a caminhar, mesmo quando os pés parecem estar tão cansados que não suportam mais pisar no chão, mesmo quando tudo nos faz parar, olhar para os lados e só chorar.
O amor genuíno que está sendo resgatado por muitos, que é cobrado por tantas pessoas que não se sentem amadas, o amor que é constantemente colocado em segundo plano e confundido com a paixão, esse amor sempre esteve tão perto e tão acessível que as pessoas tiveram e têm medo do que ele pode fazer, têm medo de estarem cara a cara com ele, sem máscaras, sem depois.
As pessoas evitam o amor, pois ele não é um sentimento passageiro, não é prático como uma "lava-rápido", não é como muita coisa que perde o valor em um piscar de olhos, como a tecnologia de um computador. O amor é constante, é como uma árvore que criou raízes: do amor não se livra facilmente, apenas com um "não te quero mais". Do amor só se livra quando nem por si há amor mais.
Não que o amor seja opressor ou pegajoso. O amor simplesmente é algo que se integra a nós de tal forma que se desvincular dele é um desafio enorme; é como uma tortura, é como se estivessemos perdendo uma parte de nós, sem a qual é impossível viver de verdade.
O amor é paciente, é pacífico, o amor faz bem; e só se desvia dele aquele que não conhece o amor real, o amor perfeito e puro que vem de Deus, que é Deus.
É preciso que cada um seja capaz de reconhecer o que é amor, para que não caia e fique caído, para que não sofra todas as desilusões possíveis e tenha uma vida amargurada, para que não viva uma vida inteira pensando amar, mas na verdade cultivando o sentimento mal copiado do amor; aquela xerox mal feita chamada atração. Atração de quem vê cara e não vê coração. Essa não é saudável e é a mais fajuta cópia do amor.
Atração sem amor é sinonimo de infelicidade, sinonimo de engano. É preciso amar primeiro, ter o amor como pilar e as outras coisas como as que somam, que agregam.
O amor não deve ser aquilo que um dia se poderá ter, aquilo que um dia poderá surgir; somente o fim de algo, deve também ser o meio: o amor deve ser o que fará surgir as demais coisas, deve ser o "carro chefe" da vida. O amor que é sofredor, que é benigno; o amor que não é invejoso; o amor que não se vangloria, que não se ensoberbece, que não se porta inconvenientemente, que não busca os seus próprios interesses, que não se irrita, que não suspeita mal; que não se regozija com a injustiça, mas que se regozija com a verdade; que tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Ágape: Amor incondicional; o amor no sentido mais fiel.
Esse deve ser o nosso significado de amor e a nossa prática diária, deve ser a imagem que olhamos no espelho, o ar que inspiramos e o ar que expiramos, a água que bebemos: deve ser a nossa vida, deve ser o nosso próprio ser.



Texto base:
"
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".
1 Coríntios 13:4-7

Inspirações:
Meu amado Jesus;
O título do livro do Padre Marcelo Rossi: "Ágape";
Meu aniversário e o carinho dos que se lembraram;
O texto base.


Término do texto: 04/12/2010, às 21:22.

Complementos:
* Texto "Coração Rasgado"- Blog "Não morda a maçã"

http://naomordamaca.com/2010/11/30/coracao-rasgado/?utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=coracao-rasgado

* Música de Jaeson Ma - "Love" (sugerida por meu amigo Edgard)
http://www.youtube.com/watch?v=jOvExUaenu4


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