Mudar

Palavra curta, verbo difícil de se conjugar: Mudar! Eis a constante que paira em nossa mente e que, quase sempre, permanece como uma inércia em nós.
Estamos sempre insatisfeitos com tudo, inclusive com nós mesmos; com nossa aparência, com nosso interior, e dificilmente nos dispomos a mudar, dificilmente saímos do nosso confortável "eu sou assim e vou morrer assim". Somos tão teimosos, tão acomodados, que preferimos conviver com nossos erros a mudar de vez, a ter trabalho para mudar. Quanta covardia há dentro de nós! Quanta preguiça há dentro de nós.
Por que nos negamos a atravessar a pé as nossas pequenas estradas e gastamos gasolina para atravessar um espacinho tão pequeno? Por que insistimos em fingir que não somos culpados, quando realmente somos e já tivemos nossa culpa comprovada? Por que gastamos tanto tempo discutindo sobre o que nos incomoda na vida dos outros, se é a nossa que precisa ser mudada? Quanta mesquinharia! Quanta hipocrisia!
Deveríamos, pelo menos uma vez na vida, ser filmados durante 24 horas, sem saber disso. Quantas coisas que dizemos não fazer e nos veríamos fazendo, quantas palavras afirmamos não dizer e diríamos. Quantos erros enclausurados em uma câmera teríamos; quantos erros nossos denunciados por nós mesmos! Será que ainda assim os negaríamos? Muitos teriam essa coragem; ou "melhor", essa audácia.
O ser humano sente dor, sente fome, sente frio, fica doente; enfim, é humano e está sujeito a todas essas coisas. Mas, quando sente essas coisas e acredita que são um castigo, mais uma vez está sendo egoísta; mais uma vez está sendo covarde, pois não reconhece que com tudo isso pode mudar de verdade, e pra melhor!
Quando o ser humano sofre, de alguma maneira, muitas vezes acredita que está sendo punido. Mas não é bem assim: na verdade, quando o ser humano sofre, está sendo provado, está sendo moldado, está amadurecendo e mudando para o melhor que pode ser. Deus ajuda nesse processo, mas nem sempre essa ajuda é vista como tal. Muitos olham para Deus como um carrasco, como aquele que é inacessível e bruto, como aquele que é incapaz de se compadecer da dor que está sendo sentida por um ser humano, se esquecendo que, na verdade, Jesus sentiu as mesmas dores que nós, e ainda maiores, e que Ele nos entende como ninguém mais é capaz de entender.
Como é possível não enxergar Deus como quem Ele é -Aquele que ama- se conseguimos ver nos outros amor por nós? Como podemos nos cegar pra Deus, se temos tão boa visão para as coisas do mundo? Como podemos "condenar" Deus, quando Ele está nos ensinando a sermos diferentes do que, segundo nossa falta de iniciativa, estávamos condenados a ser? Como temos a audácia de falar que aquilo que nos tira da nossa zona de conforto é castigo de Deus? Isso é mudança.
Quando todas as possibilidades humanas falham, muitos pedem ajuda a Deus; oram, choram, imploram, sacrificam certas coisas, quando, na verdade, deveriam, desde o início de tudo, ter entregado a Deus a direção. Aí está o erro: deixar o resto para Deus, só se lembrar Dele quando nada mais é possível às mãos humanas.
Deus não quer os seus restos, não quer nem as migalhas do seu amor, nem as migalhas dos seus problemas, das suas dificuldades. Deus quer tudo, seja a sua parte boa, seja a sua parte duvidosa: Deus quer que você venha como está, para que juntos, vocês possam trabalhar em prol da solução de todas as questões da sua vida. Deus age como quer, mas precisa que você queira que Ele aja, e que você faça o que cabe a você fazer. Deus só vai poder te entegar as suas vitórias quando você aprender a confiar Nele, quando você admitir que sozinho não é possível mudar.
Deus quer te dar coragem, quer te mostrar como você pode ser na sua melhor forma. Deus quer te transformar, mas para isso é preciso que você se entregue a Ele e o peça forças suficientes e memória pulsante para que não se esqueça, nem desista de mudar, para que consiga se desculpar menos e acertar mais; para que seja, enfim, você mesmo, à verdadeira imagem e semelhança de Deus.