Fé

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Nem só de dores ou de amores vive o homem. Ainda restam as incertezas, as brutas e sólidas dúvidas que enchem a nossa cabeça. Ainda restam nossas frustrações pessoais, nossos clássicos "não consigo" e "não posso".

Como podemos conviver a vida inteira com essas coisas que repugnamos? Como podemos ter em nós aquilo de que fugimos a cem quilômetros por hora todos os dias? Como podemos ser tão incapazes de dizer "sim" ou "não", de escolher  entre o azul e o vermelho, de confiar em Deus ao invés de duvidar Dele?!

Como conseguimos conviver pontuando nossas frases quase sempre com o ponto de interrogação? Seria tão bom se conseguíssemos nos desvencilhar das dúvidas que nos consomem. Seria bem mais bonito se colocássemos nossas certezas ao invés dos nossos "não sei" e "talvez" na nossa boca e nos ouvidos dos outros.

Frustramos nosso sim e o nosso não todos os dias, usando o talvez como a nossa expressão costumeira e voluntária. Deixamos de confiar na certeza, que é Cristo, e passamos a usar um meio termo para tudo, inclusive para a nossa fé.

A fé não tem uma média. Ou ela é cem por cento, ou não é nada. Não existe "meia fé", pois se assim fosse, aquele que é morno não seria vomitado. 

É melhor ser quente do que frio, mas se é para ser morno, que então seja frio, pois a fé que ora existe e que ora escapa por entre os dedos, essa não passa de superstição. 

Essa superstição barata; essa crendice porca disfarçada de "fé" não passa de um apego, não passa de um artifício utilizado para limitar a visão, a liberdade e a certeza. Superstição só faz crescer os labirintos em nós, pois aqueles que nela confiam são como os que confiam em carros ou em cavalos, os quais estão em uma corda bamba que pode fazê-los cair e jamais acordar. 

Pés-de-coelho não dão sorte. Gatos pretos ou escadas não são vilões. Passar por baixo de um arco-íris não faz você deixar de ser o que é. Pular ondas não faz o ano ser melhor, nem deixar a bolsa no chão faz perder dinheiro. 

O que te faz perder alguma coisa, o que faz seu ano não ser bom, o que te faz ser frustrado não é deixar de se apegar a essas coisas. O que gera esse mal que te derruba é a falta de fé. A falta de confiança em Deus, a falta de Deus em você.

Quando trocamos a fé pela crendice dos homens, não agradamos a Deus, e se não o agradamos, nos afastamos Dele, pois Ele passa a ser a solução remota, ao invés da certeza da nossa vida.

Quando achamos que temos o controle sobre tudo, aí é que perdemos qualquer certeza possível, pois crer em nós mesmos acima de qualquer coisa nos faz ser certamente o fracasso. Mas, quando deixamos de lado os nossos apegos e nos firmamos em Deus, podemos sim acreditar em nós mesmos, porque assim, Ele estará em nós e com Ele não somos frios ou mornos, somos aqueles que têm a certeza da salvação. 

Com Deus, apesar das incertezas humanas, temos a certeza de que os nossos limites não o fazem ser limitado, nem que os nossos "talvez" o façam também dizê-los.

De Deus ouvimos uma só resposta, sem dúvidas ou medos, sem erros ou previsões. De Deus só podemos esperar as certezas e não as hipóteses. Ele nos ensina a dizer sim ou não. Ele nos ensina o que é a verdadeira fé.

° "Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna". 

Mateus 5.37

° "Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam".

Hebreus 11.6

° "Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do SENHOR nosso Deus". 
Salmos 20.7         
° "Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca".
Apocalipse 3.16