terça-feira, 2 de julho de 2013

Descansa minha alma



Doía de frio a minha alma. Hipotérmica quase desfalecia. Reclamava de tanta frieza, de tanto descaso; sentia falta do que era doce; estava cansada de só receber "carinho" amargo.


Estava vazia de sorrisos, cheia de incertezas. Sentia-se presa ao que passou e que, na verdade, ainda não tinha ido embora. 


Estava sem sopro, pálida e febril. De certo modo, achei que a perderia, porque desamor e tristeza também matam; matam mais do que qualquer "dor objetiva". 


Porém, de repente, a dor se foi, fugindo como a poeira que o vento espalha. Foi-me devolvida a paz que eu perdera, de forma tão sutil que não há como colocá-la em letras.


Nessa sutileza se desprendeu minha alma do que afligia meu coração; foi suavizada a lembrança estridente que gritava comigo. Foi retirado o incômodo de um dia ter sido menos forte do que eu gostaria. Foi guardada a essência boa e pura do que havia marcado meu ser e, finalmente, refutada a inconstância que turbava meus passos, que emperrava meus sonhos.


Agora, descansa minha alma, sem medo de que as tempestades encharquem e afoguem a esperança que há nela; sem medo de que as muitas águas sejam capazes de submergir a espera por dias melhores, o anseio pelo que acalma sem muito esforço.  

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